Como o pó, e como o ar. Craseando tudo, confundindo as entranhas...

domingo, 24 de abril de 2011

União de Medo

 Uma segunda morte, ao que não se foi. O passado que vive a me acometer sussurra em meus ouvidos aquilo de que não necessito compreender, e acabamos todos juntos encurralados em um canto escuro, onde ninguém externa e internamente possa ver nossas faces, nossas roupas, e nossos corpos. Acabamos permanecendo colados aos corpos um dos outros, sem saber a que cada mão que nos afaga pertence, mas é que o carinho, senhor, é melhor vindo de alguém que não conhecemos e assim não precisamos agradecer.
 Porque de que se valerá a quantia quando nossos medos não forem mais embora e nos perseguirem na chuva ácida que nós mesmos fizemos? De que valerá nossos sonhos se não haverá mais crenças erguidas que não tenham por base mentiras e ilusões? De que te valerá meu amor, se não houver mais sorrisos de momentos felizes já que a morte é o principio de todos eles?
 Estaremos novamente sozinho, e mesmo que nosso corpo esteja colado a outros milhares, nos sentiremos sozinhos e abandonados por nossa própria força, onde a esperança não passará nada além de uma morfina muito ineficaz de segunda a outras vezes. Todo de todo, que se debochariam amanhã não haverá mais graça, pois toda a graça de nosso sangue terá se esvaído pouco a pouco, tortuosamente com todas as outras que irão voar por céu e terra e irão apenas nos dar adeus.
 E em escuro, escondidos da chuva e dos nossos próprios medos, sairemos de nossas casas porque lá se impregna toda a vida e o tempo que passamos escondidos dentro de nossas próprias mentiras, e não haverá segurança em nenhum edifício ou lugar que nos construímos e forjamos, pois os nossos medos serão tão fortes quanto nossos pecados. E não importará mais nomes de ditadores e "monstros" da História, porque em nosso reflexo veremos eles e alguém pior. E assim ditaremos a História,a  verdade que sempre fizemos questão de encobrir, ditaremos nossos medos, pois assim será mais indolor, do que nos calarmos e guardarmos nossa dor a si.
 Enfim, estaremos todos juntos, compartilhando da mais perfeita união. Medo que une e cola corpos.

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