Como o pó, e como o ar. Craseando tudo, confundindo as entranhas...

sábado, 20 de agosto de 2011

Meu Aniversário

  Meu aniversário, parabéns querida, que seja feliz, tenha uma boa saúde, juízo, amor e que tenha coragem e enfrente tudo com um grande sorriso. Meu aniversário, eu não sei bem se quero estas cousas para mim, não sei bem porque as pessoas me parabenizam apenas nesta data, sou importante apenas em um dia dentro de uns 365 e poucos? Que ingratidão a minha, talvez? Não importo com as circunstâncias, mas afinal, apenas mais um ano, e eu não gosto de ficar contando por números.
  Aliás, aniversário é tipo uma bosta, afinal, algo ou alguém vem te lembrar de um ou dois anos atrás, o ruim, é que tu não acaba se lembrando apenas daqueles dois anos, mas sim de todos eles, e lembra das cousas que realmente o passado não deveria libertar ao ser consultado. Tantas coisas para tantos poucos anos, parabéns por quê? Apenas são datas. Aniversário, feriados, dias de comemorações, são apenas datas e muitos se limitam a estar bem e sorridentes, como animais bonitos e vistosos, para esta data, apenas esta e o resto do ano passam a não se importar com amigo, filho, família e o escambau a quatro.
  Então, ora, vamos parabenizar aquela maravilhosa mulher apenas este dia, porque ela faz 23 anos, ou 83? Terrivelmente, parabéns é só uma palavra que enche e conforta o ego, é tão mais humano abraçar constantemente e assim que se possa alguém que nós admiramos e não ficar lhe dando parabéns. Sou uma velha rabugenta no auge de minha juventude.
  Não sei, mas aniversários me cansam, me consomem, talvez por ter que fingir que comemorar mais um ano seja algo tão chato, é apenas mais um, virão tantos (espero), então ficar comemorando? Ouvir palavras que tu sabe que não quer, ou que não espera para si mesmo, aquele discurso batido e remoído oferecido. Talvez eu seja realmente uma chata, seja não, eu sou uma chata de quinta estrelinha de avião. Ño me gusta los cumpleaños. Bons sorrisos, forçados, consomem uma parte de mim que pode ser considerada muito influente.
  Mas o que importa? Sou rabugenta, reclamo-na, ingrata, zoada, cansada e podrona! Mas mesmo com toda esta nuvem negra que paira na minha cabeça e que as pessoas percebem, eles vem me parabenizar por estar viva e me desejam mais anos, então, de fato, rabugentos são amados. 
  Para falar a verdade, eu já nem estou mais pensando nisto, músicas críticas me ajudam?
  É, parabéns Bárbarazinha, sua velhota rabugenta ou mais realista, sua adolescente preguiçosa chata.

sábado, 13 de agosto de 2011

Os Bons Mentirosos, Mentem.

  Os bons mentirosos não se deixam enganar, porque eles vivem de enganar a si mesmos, com boas e ardilosas mentiras, desejando que o crepúsculo seja favorável aos seus encantos. Grandes e ótimos mentirosos que nos fazem sangrar e nos deixam assim meio sem nexo, meio depravados diante do nosso próprio sofrimento. Cheio de escrupulosos mentirosos, cheios de fantasias exacerbadas que fazem questão de nos encantar e mostrar o quanto somos as péssimas pessoas da horda.
  Ótimos mentirosos que dormem conosco e nos tem e nos traz a vida, desejando desde já que sejamos tão imbecis a ponto de facilitar para eles o ato teatral, a mentira embelezada e cheia de glória. Mentindo, eles vão nos enganando e esmagando nossos corações com sorrisos a face por prazer! E saber que eles fazem isto com filhos, amadas, amantes, mães, amigos, mestres, confidentes! Todos mentindo descaradamente e esperando a melhor oportunidade para comer nossos neurônios e jogá-los depois ao filho do inferno, os seus próprios filhos, crias mentirosas.
  Agora desesperada eu estou aqui, pedindo por um pouco de dó, um pouco de mentira para não acreditar no que ouço e vejo, para não me deixar esquecer o quanto devo resistir para não cair naqueles braços a que tanto confiei e hoje eu só tenho repulsa por serem tão macios e enganosos, venenosos!
  Dia que deveria ser de alegria, torna-se na merda do povo, a sujeira, os restos excretados, por dias bondosos que afagam nossa pele com calor morno para depois mergulhá-la numa fria dor. E enfim rasgar nossa carne e deixar que de la floresça a amargura de existir em meio a hordas invejáveis.
  Grandes mentirosos, de que somos feitos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

  Estou cansada de ficar mentindo a custa de um nada que me combate, de ficar calada por receio, de ouvir as mesmas estórias de sempre, cansada de mentir, cansada de fingir, cansada de sorrir. Sempre continuando andando nas vagas sombras dos meus pensamentos que me largam a todo momento para depois voltar e me machucar novamente. Vezes e vezes já estive sangrando com este punhal aqui, intacto e sangrento perfurando minha carne e atingindo meu astro e fazendo-o sangrar. 
  Cansada de um vazio que eu quero amar.