Os bons mentirosos não se deixam enganar, porque eles vivem de enganar a si mesmos, com boas e ardilosas mentiras, desejando que o crepúsculo seja favorável aos seus encantos. Grandes e ótimos mentirosos que nos fazem sangrar e nos deixam assim meio sem nexo, meio depravados diante do nosso próprio sofrimento. Cheio de escrupulosos mentirosos, cheios de fantasias exacerbadas que fazem questão de nos encantar e mostrar o quanto somos as péssimas pessoas da horda.
Ótimos mentirosos que dormem conosco e nos tem e nos traz a vida, desejando desde já que sejamos tão imbecis a ponto de facilitar para eles o ato teatral, a mentira embelezada e cheia de glória. Mentindo, eles vão nos enganando e esmagando nossos corações com sorrisos a face por prazer! E saber que eles fazem isto com filhos, amadas, amantes, mães, amigos, mestres, confidentes! Todos mentindo descaradamente e esperando a melhor oportunidade para comer nossos neurônios e jogá-los depois ao filho do inferno, os seus próprios filhos, crias mentirosas.
Agora desesperada eu estou aqui, pedindo por um pouco de dó, um pouco de mentira para não acreditar no que ouço e vejo, para não me deixar esquecer o quanto devo resistir para não cair naqueles braços a que tanto confiei e hoje eu só tenho repulsa por serem tão macios e enganosos, venenosos!
Dia que deveria ser de alegria, torna-se na merda do povo, a sujeira, os restos excretados, por dias bondosos que afagam nossa pele com calor morno para depois mergulhá-la numa fria dor. E enfim rasgar nossa carne e deixar que de la floresça a amargura de existir em meio a hordas invejáveis.
Grandes mentirosos, de que somos feitos.
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