Como o pó, e como o ar. Craseando tudo, confundindo as entranhas...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Doutor de mim, que quer matar e sentir contra a obrigação

 Preso a algum hábito que me faz um monótomo ser errante cheio de confidencias já confidenciadas e não guardadas para a beleza do olhar. Roupas e mais roupas, nada que agrade, chapéus e lençóis, travesseiros e uma cama arrumada que nunca sequer ousei desarrumar. Tradições e pensamentos antiquados cheios de um desejo pré-infante que eu jamais ousei deixar que me invadisse a narina.
 O cavaleiro que eu vejo no espelho mais desejado ser um monstro que eu queria ver. Um monstro que eu queria me permitir ser e sentir por alguns minutos para depois me encaixar novamente em meu lugar naquele escritório onde pessoas e pessoas vem me expor seus casos e me olham com jubilo acreditando que eu sou o máximo. Tantas histórias que eu não vivi, tantas aventuras que eu deixei de pensar quando eu me submetia ao acaso do não acaso dos livros históricos e das leis humanas.
 Agora, aqui nesta casa mediana, por muitos invejada, por mim que não me agrada. Agora sim, eu sozinho estou, fico aqui pensando e desbotoando a camisa, na intenção de que eu me sinta melhor ou que apenas me divirta. Sair, beber, ousar, profanar e matar. Todos passando por meu corpo ao mesmo tempo querem me dominar, mas eu sou forte ou pelo menos a educação de minha mãe é.
 Nunca se permitir brincar ou sorrir, "a cooperação pela vida gloriosa que terás", palavras que ecoam sinistramente em minha mente daquela boca dura que jamais sorriu pra mim ou disse me amar, daquela boca que jamais disse que me desejou por algum daqueles nove meses normais, meses de "transição".
 Agora, eu, sozinho, doutor advogado Fonseca, ou o que quer me chamem por aí, estou aqui, bebendo, fumando e esperando que alguma pessoa indecente bata a minha porta para que eu possa me deleitar nas suas ousadias, ousadias que estão aqui trancadas em mim, trancadas por remédios tarjados que minha médica me faz  tomar, que minha mãe me fez jurar sempre tomar. Eu não vivi, porque fui criado para ter uma vida gloriosa. 
 Não culpem a escória, pois saibam que elas talvez não puderam ter emoções e por ordem tiveram seus corpos queimados em gelo para assim sempre ser. Advogado eu que não julgo, só os faço sentir-se justiçados.   Doutor eu, doutor de mim, ah se preciso alguém para que eu possa cortar a jugular e ver jorrar o sangue, um último apelo para que minha alma não me abandone mais.








*primeiro teste de uma personagem fictício!*

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