Como o pó, e como o ar. Craseando tudo, confundindo as entranhas...

domingo, 25 de março de 2012

  Poderia até me revoltar ao ver que tudo ficou bem pra você, sem remorsos, sem dor. Como um cético quando acaba de ler um livro e assim o faz com tanto descaso que nem poderia comentar com alguém sobre o livro lido daqui um dia, pois não haveria comentários.
  Mas,eu não sou falsa e digo, sim, eu senti aquilo, aquele misto de insatisfação, decepção e alívio. Mas o que mais me dói é saber que você não é o primeiro que conheço e que os atos me fazem acreditar não passar mais do que uma máquina. O fato que me leva hoje, agora, neste domingo meio estranho a vir relatar é que, eu não me conformo. Não se é humano encerrar um caso de qualquer modo e tratá-lo com o máximo de descaso, não pensar, excluir sem respeitar, sem lembrar. As pessoas novamente me fazem sofrer ao mostrar que não se importam com quem passa em suas vidas!
  Não é questão de lamber, cheirar e acariciar, mas de respeito! Por quê esta ausência tão nítida de respeito pelos outros? Não ser falso, ser honesto, mas ouvir, respeitar, pensar em como você dirigi sua vida e como você deve conduzi-la quando há mais de um no carro.
  Neste domingo cheio de comida, ainda há fome...
  E ninguém ao menos, ou melhor colocado, muitos não lhe oferecem apenas um minuto em seus pensares pela dor que pode se ter quando não há nada na barriga. Ou até mesmo pensar depois de condenar alguém a uma jaula de opinião, pensar no que o levou ali, respeitar suas escolhas e crenças. Essa dor em mim é por isto, porque você representa a fome do inferno lá fora, um inferno que tanto imaginou e construiu que você mesmo esta lá! 
  Neste domingo saindo as ruas, e topando como pessoas como você, eu sinto a fome de mil infernos juntos escorrendo pelas beiradas dos beiços de toda esta sua gente. Lunáticos condenando sem antes colocar um mínimo de esforço para entender. Porque é mais fácil julgar, é mais fácil chatear, e é mais fácil matar sabendo que a culpa é sua, mas existe um caminho criado por "boas almas" para a humilde redenção.
 
  Num domingo como este, estou triste e meu estômago dói por saber que não é só você, mas milhares de cegos que caminham neste solo propondo um caminho fantástico e a redenção em crenças, mas sem ações para aqueles que estão perdidos.
  Nesse teu lugar, eu ainda saio pelas ruas e vejo a fome de amor e de respeito...

terça-feira, 20 de março de 2012

Terça de Nada

  Acordo, olho pro teto, devo ter olhado se acordei quando estava de barriga pra cima, mesmo que eu não me lembre em algum momento eu devo ter olhado. Comer, arrumar, sair e ir estudar, mesmo que seja por menos de duas horas e já acreditar que isso é muito para não dizer que não faço mais nada da vida. Mas já me acompanha, desde que ponho os pés no chão a procura dos chinelos. O vazio de um dia que será completamente vazio, não importa a convicção, ou o tamanho desejo de se divertir, não haverá nada, e talvez nem mesmo o sono, para que isso abandone minha cabeça e meu corpo.
  Fome, sono, sede. Essas cousas naturais que nós não podemos simplesmente impedir de sentir. Mas e aonde ficam os outros sentimentos e sensações que não nos fazem zumbis? Nada, é isso que sinto quando penso em sentir algo. Nem dor, nem lágrimas, posso até me forçar  alembrar dos fatos recentes para que algo aconteça e me mostre que ainda sou eu e que não desliguei o botão "sentir mais do que sobreviver". 
  Posso até olhar para caras e meninas, mas nada. Beleza e atração nunca foram tão chatas, porque tudo é um saco. Nada me faz sentir, se eu furar a mim mesma, não sentirei mais nada do que dor pela carne, sem horror e pavor pelo sangue que poderia jorrar. Não existe nada para falar, as conversas não tem nem início e por mais que me esforce para dar continuidade ao assunto, algo em mim esta morto, e eu simplesmente concordo ou faço barulhos que me tornam apenas um zumbi.
  Não me sinto bem, e não me sinto mal. Como a folha branca de papel sulfite só que sem nenhuma expectativa do que irá acontecer, como se ela fosse fabricada e soubesse que sua vida será eternamente vazia e branca, e esta fosse a única expectativa dela.
  Indiferente, sem graça. Chata sem gostar de ser, olhar pro corpo e achar que ele é feio, mas que isso não importa porque nada vai valer achá-lo feio se os ossos simplesmente não se reposicionarão e se de fato não é isso que quero. Só que nada me segura por um segundo a mais, simplesmente some, vai embora, e me deixa novamente parada, olhando para um buraco que não transmite nada.
  Sem paranoias, sem fantasias ou histórias, simplesmente morta, prestes a sair fazendo um barulho bizarro e comendo cérebros ou o que se mover.

  Nestes dias em que a gente se sente tão humano quanto o teto em que olhamos em alguma parte da noite. Frios, indiferentes, sem nada para nada.

quinta-feira, 15 de março de 2012

 Uma pessoa vai embora, e ela volta.
 Uma pessoa que vai embora em certas condições dá-me a impressão de que, mesmo voltando, ela ainda esta indo embora. Pode-se dizer "oi" ou por curiosidade ou começo de nada, perguntar como ela vai. Pode-se aludir a opções extremamente perigosas, como tacar-lhes logo o adeus que nunca foi dado e assustar.
 Mas é extremamente difícil e diferente como levantamos uma barreira para nos proteger assim que alguém se vai quando não queríamos que ela se fosse.
 Incrivelmente algumas pessoas mudam seu caráter e seu comportamento o que acaba por me fazer com que o fascínio morra, nada valerá a pena depois que algo como ele morre, não se cutuca os mortos por eles não responderem e não existirem em si, só em outros de um nodo vazio.
 Pode ser esta coisa de idade, que dizem por aí, as pessoas crescem e acabam mudando seu comportamento, aceitam as opiniões universitárias de um pré-adulto bem sucedido. Acabam pro deixar de lado aquelas coisas que nos fazem sentir arrepio e emoção. Como se fosse um adeus antes da maioridade. Sem graça, sem emoção e só com mais exacerbo de "ui, realidade".
 É um misto de pessoas que vão nos decepcionando, porque esperamos que isso de "mudar" não seja verdade, porque depois que se muda se perde aquilo que se tinha porque era inaceitável ou errado.
 Não sei bem o que penso a respeito, é uma típica confusão mental do século vinte e um, onde os jovens crescem para virarem adultos, e os adultos envelhecem sem muito fazer.


 Isso me fascina, a mentira que fazemos questão de aludir porque nos fortalece e nos dá uma boa noite de sono. O fascínio que se apresenta em todas as mudanças que aceitamos ao invés de recorrer a preservação de algum caráter antigo. Me fascina os antigos que mudam, mas ainda podem ser antigos.