Como o pó, e como o ar. Craseando tudo, confundindo as entranhas...

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Suor

  Suor escorrendo em abundância pela face, uma mochila extremamente pesada. Momento esmagadoramente difícil, tenho eu mil motivos para reclamar da vida. Mas, que vida? Estou viva, sei muito bem, mas que vida é a que eu tenho para poder reclamar? Vida é o ato de viver? Mas viver é a mesma coisa de ser um nada, porque viver só não basta.
  Passo a mão pela milésima vez na testa, que bosta de calor! Mas eu não rogo praga pro tempo não, eu não tenho esse direito, porque o respeito deve ser mantido, principalmente o respeito pelas condições que me proporcionaram a viver, e vivendo eu posso assim fazer uma existência.
  Existência não é você nascer agora e morrer daqui setenta anos (para um chute alto de expectativa de vida, claro, hoje bem que se pode, tem mais química do que sentimentos), isso é vida, limitada, patética, sem graça e  muito, mas muito mesmo, incômoda. Penso eu, que hoje há milhares, trilhares e tamanho o número que eu não quero saber, de pessoas vivendo. Logo, penso eu, que se estas tantas pessoas fizessem algo por elas e pelas outras eu viveria num paraíso.
  Mesmo com esse sol me ferrando a pele, eu estou bem, porque estou sozinha, mas quando olho na rua, eu me sinto mal, porque nem vejo mais nada que ali respire e me dá uma inspiração para sorrir, mesmo sabendo que as 90% das pessoas que olharem pra mim me acharão besta e louca.
  Alguns creem que há um lugar esmagadoramente ruim para se viver, e que esta em outro plano universal, outro espaço. eu lhes digo, se há lugar pior do que este que sujamos, infectamos e adoentamos, então meu querido, acho que estamos perdidos.
  Mais suor, que maravilha, mais suor, canso de ficar limpando, que soa! Nem ligo, isso não vai mudar nada. Mas nós podemos mudar tudo!
  Eu continuo andando, me perdendo no asfalto, e tentando com as minhas forças imaginar que aquilo um dia esteve sadio, e sonhando com um futuro aonde eu possa sorrir sem medo de ser repreendida ou julgada, um futuro aonde eu possa andar descalça sem medo de ficar doente, um futuro aonde pessoas serão todas bonitas e não haverá mais distinção por grupo, um futuro aonde as pessoas se abraçarão porque gostam-se mutuamente e não por cordialidade. Um futuro aonde tudo tenha por base o respeito a uma existência digna de seres capazes que somos.

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